Livro x Filme: 1922, Stephen King
- Rapha
- 6 de mar. de 2018
- 3 min de leitura
Atualizado: 13 de jul. de 2018
Existe outro homem dentro de cada homem. Um homem conveniente.

“Meu nome é Wilfred Leland James e esta é a minha confissão. Em junho de 1922 eu matei minha esposa, Arlette Christina Winters James, e escondi o corpo em um velho poço. Meu filho, Henry Freeman James, me ajudou, embora ele não possa ser responsabilizado pelo crime porque na época tinha 14 anos. Eu o persuadi, jogando com os seus medos e contendo suas objeções mais do que naturais durante dois meses. Me arrependo disso mais amargamente do que do crime, por motivos que esse documento vai revelar.”
Parte do livro Escuridão Total Sem Estrelas, 1922 é o primeiro conto de quatro, que nos trazem questionamentos como o quão normal as pessoas loucas podem ser, brincando com nossa percepção de realidade. Stephen King nos envolve em sua trama, jogando situações comuns que poderia acontecer com qualquer um de nós, e como seus personagens respondem ao acontecido (claro que da pior maneira possível).

Narrado pelo Wilfred, ou só Wilf, 1922 já começa assim: 'eu matei minha esposa', então a sinopse ali em cima não é spoiler pra ninguém. O conto na verdade se trata de uma carta de confissão, aonde Wilf nos narra os acontecidos no tão infeliz ano de 1922.

Acontece que Arlette, sua esposa e dona dos 100 acres de terra em que eles moram e cultivam, detesta a vida no campo; quer vender tudo e sonha em morar na cidade, em ter sua própria loja de roupas e costura. Wilf, teimoso como uma mula, só sabe trabalhar no campo, e não se vê nunca morando numa cidade, cercada de gente idiota, como ele mesmo diz.

Eles poderiam resolver tais problemas de inúmeras formas que não fossem assassinatos né, mas ai não seria o Sr. King. E o pior, é que o pobre Henry, ou Hank, como gosta de ser chamado, filho do casal, também é envolvido. Da até dó do menino porque ele é manipulado tão bem pelo pai...
O interessante é que aqui, apesar de a morte da esposa ser o motivo de toda desgraça de Wilf, este não é o ápice da história. Vamos acompanhando a vida dele e como tudo vai mudando drasticamente para pior.

E Wilf é um personagem maravilhoso. Sim, ele é assassino e um pouco psicopata (e eu me sinto culpada por gostar dele), mas muito carismático. Inteligente, fã de boas leituras, o tempo todo vai conversando com o seu leitor, nos mantendo ali, grudados na sua história.
O filme foi produzido pela Netflix (eeeee) e lançou no final de 2017; ta aí, acabou de sair do forno quase, em HD disponível pra ‘todos’ nós. Eu assisti bem antes de ler o conto, por indicação da minha amiga que ama o Stephen King, mas já tinha visto o trailer e fiquei super curiosa (e morrendo de medo também).

A trilha sonora, o cenário, os personagens e a atmosfera, tudo é lindo. Fora que o suspense te deixa com a ansiedade lá em cima e você assusta com qualquer ‘tique’ que o relógio der. Tem umas cenas de susto também, mas eu – a pessoa mais medrosa que existe nesse planeta – sobrevivi, então você também consegue.

Ah! E se você já viu o filme, não tem problema, porque o final (O FINAL, senhoras e senhores) consegue surpreender no livro! Te deixa perdida, sem chão, duvidando de tudo o que você acabou de ler, estática por umas horas. Mais que recomendo, te obrigo a ler e assistir.
Os outros contos do livro Escuridão Total Sem Estrelas:
Gigante do Volante
Extensão Justa
Um Bom Casamento
Trailer do filme:
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