Livro x Filme: Insurgent, Veronica Roth
- Rapha
- 27 de fev. de 2018
- 4 min de leitura
Atualizado: 25 de jul. de 2018
Uma escolha torna-se um sacrifício. Um sacrifício torna-se uma perda. Uma perda torna-se um fardo. E um fardo torna-se uma batalha.

- Vamos lá, Insurgente, ele disse piscando. - O que? Eu perguntei. - Insurgente, substantivo. Pessoa que age em oposição à autoridade estabelecida, não necessariamente considerada como agressiva. (...) Eu olhei para Fernando. A última vez que invadi a sede de uma facção, fiz isso com uma arma na mão, e deixei corpos para trás. Eu quero que dessa vez seja diferente. Eu preciso que seja diferente. “Eu gostei”, respondi. “Insurgente. É perfeito.”
ATENÇÃO: este post pode conter SPOILERS se você ainda não leu/assistiu Divergent.
Mais um livro que tira seu fôlego. Veronica Roth consegue me deixar nervosa só de ler; que mulher, senhoras e senhores. Mais de quinhentas páginas que eu li como se fossem duzentas, o que é até engraçado, porque na primeira vez que tentei ler em português, abandonei antes da metade por achar chato.

Aqui, a sociedade bem estruturada de Tris (Shailene Woodley) entrou em colapso: como foi visto no final do primeiro livro, Jeanine (kate Winslet) atacou a moradia de membros da Abnegação (todos desarmados e incapazes de se defender) manipulando soldados da Audácia por uma simulação (um negócio bem doido). Tris consegue salvar o dia, mas não a batalha; e logo após desligar a simulação, se vê forçada a fugir para um dos poucos lugares aonde a sede de poder de Jeanine ainda não chegou: na Amizade (que é inclusive ilustrada por este símbolo lindo da capa).
Começamos então aprendendo mais sobre essa curiosa facção que parece viver no seu próprio mundinho, aonde todos os seus integrantes prezam pelo respeito e bom convívio, mais interessados em decisões mútuas do que sua própria eficiência. E claro que Tris, estourada do jeito que é, odeia tudo isso e não vê a hora de sair dali.

"Eu sei que você está com raiva, mas você está deixando isso te consumir."
Minha bichinha, coitada, não poderia estar mais desesperada. Com as recentes perdas da sua vida seu mundo vira de cabeça pra baixo, e começa aquele clichê (mas nem por isso, ruim ou mal escrito) do “é tudo minha culpa” que os protagonistas adoram carregar em seus ombros. Ela definitivamente não é mais a garotinha assustada do primeiro livro, e seu amadurecimento aumenta até o final deste.

Toda a questão de ser Divergente a fez virar um alvo; uma vez que as simulações não funcionam com divergentes, ela virou um problema para os planos de Jeanine. Esta, por sua vez, está cada vez mais determinada e não poupa esforços nem vidas para conseguir o quer.
O filme lançou em 2015 e eu me recusei a assistir na época porque abandonei o livro, e até que não me arrependi da escolha. Bem diferente do anterior, Insurgent agora precisa ser considerado à parte do livro, pois não segue exatamente o enredo. Muita coisa muda, sendo para melhor ou para pior.

Primeiro: Marcus Eaton (Ray Steverson), o pai de Tobias (Theo James) e líder da quase falecida Abnegção. Desde o começo ele mostra que sabe mais do que deixa transparecer, além de alegar saber o porquê de Jeanine fazer o que faz para esconder a informação que destruiria a sociedade deles. No filme eles deixam isso bem em segundo plano, e eu não achei muito legal já que envolve também o passado dos pais da Tris e da família Prior.
Também toda a facção da Audácia é ignorada: no livro, eles se dividem em traidores que se mantêm junto da Jeanine e os que se recusam a aceitar sua liderança tirânica, e buscam refúgio na Franqueza. Eles estão passando por todo um processo de recomeço, decidindo questões de identidade e até políticas, mas (injustamente) nada disso é mostrado. Conhecemos vários personagens incríveis da Audácia e eles possuem passagens inteiras que no livro foram ignoradas ou resumidas a uma fala ou duas.

“Quando a batalha acabou, minhas roupas estavam mais coloridas do que pretas. Eu decidi manter essa camiseta para me lembrar o porquê de eu ter escolhido a Audácia em primeiro lugar: não porque eles eram perfeitos, mas porque eles são vivos. Porque eles são livres.”
E tentaram fazer da Tris algo essencial. Claro que ela é a mocinha e protagonista da história, mas não é como se fosse por causa dela que tudo aquilo acontece, ou como se ela fosse a única solução para o problema, e é o que vemos no filme.
O relacionamento dela com o Tobias também. Os dois estão passando por uma fase complicada e passam o livro todo brigando, seja na hora de escolher em quem confiar ou nas mentiras e ‘adeus’ que não são ditos em voz alta. No filme é só amor e cenas fofas e eu fiquei ué?

Mas eles dois são tão lindinhos que eu nem consigo ficar brava de verdade
Até na hora do testemunho que eles são obrigados a dar na Franqueza toda a fala do Tobias é resumida a Tris isso, Tris aquilo. Mas eu não consigo reclamar mais dessa cena porque sinceramente Shailene Woodley consegue me quebrar em pedaços quando chora.

Claro que eu não vou só ficar falando mal porque o filme É MUITO BOM. Sim, caralho! (desculpa a linguagem). Ele não segue o que tem que seguir, mas ainda consegue ser bom demais. As cenas de ações nunca decepcionam, e todo aquele lance de vidros quebrando em câmera lenta me deixa muito contente.

Peter também se revela e vira um dos pontos positivos do filme, interpretado pelo carismático Miles Teller. Do começo ao fim a gente implora por mais cenas dele. E a cena da Tris espancando os sem-facções no trem é uma das minhas favoritas, porque vê-la batendo em alguém sempre vai me deixar feliz.

Se cuida aí, Peter
E todas as cenas da simulações são lindas e maravilhosas e dá muito orgulho da minha saga. É uma pena que eles não terminaram com os filmes (assunto que eu falarei mais sobre no próximo post, com a resenha de Allegiant), porque potencial não faltou.
Os outros livros da saga:
Allegiant
Four
Trailer do filme:
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