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Livro x Filme: As Duas Torres, J.R.R. Tolkien

  • Foto do escritor: Rapha
    Rapha
  • 22 de fev. de 2018
  • 5 min de leitura

Atualizado: 29 de jun. de 2018

A ajuda sempre parte dos lugares mais inesperados.

“E de modo algum estaríamos aqui se estivéssemos mais bem informados antes de partir. Mas suponho que sempre seja assim. Os feitos corajosos das velhas canções e histórias, Sr. Frodo: aventuras, como eu costumava chamar. Costumava pensar que eram coisas à procura das quais as pessoas maravilhosas das histórias saiam, porque as queriam, porque eram excitantes e a vida era um pouco enfadonha, um tipo de esporte, como se poderia dizer. Mas não foram assim com as histórias que realmente importaram, ou aquelas que ficaram na memória. As pessoas parecem ter sido simplesmente embarcadas nela (...). Mas acho que elas tiveram um monte de oportunidades, como nós, de dar as costas, apenas não o fizeram. E, se tivessem feito, não saberíamos, porque eles seriam esquecidos. Ouvimos aqueles que simplesmente continuaram – nem todos para chegar a um final feliz, veja bem(...). Mas estas não são sempre as melhores histórias de se escutar, embora possam ser as melhores histórias para se embarcar nelas!”


ATENÇÃO: este post pode conter SPOILERS se você não leu/assistiu Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel.


As Duas Torres é um livro meio divisor de águas pra quem gosta de Senhor dos Anéis: alguns adoram e outros odeiam. Muita gente considera chato e cansativo – o que é compreensivo - mas achei bem mais fácil que o primeiro livro e li tudo em quase três semanas.


O livro já começa bem diferente do anterior, uma vez que agora a Sociedade do Anel está toda dividida (Boromir infelizmente falecido) e com isso temos três focos narrativos: Pippin e Merry no meio dos detestáveis orcs e sua marcha sem pausas; Aragorn, Gimli e Légolas seguindo o rastro desses orcs tentando salvar os dois hobbits; e por fim, mas não menos importante, Frodo e Sam rumo à Mordor.

Rest in peace, Boromir


Mas não se engane você que viu o filme e logo no começo já aparece Frodo (Elijah Wood) e Sam (Sean Astin) passando uns maus bocados nas cordilheiras e (finalmente!) encontrando o nada carismático Sméagol (Andy Serkis) no caminho: no livro, eles três só aparecem depois da metade do livro, o que me deixou muito agoniada durante a primeira parte, querendo saber logo que fim tinha levado os dois.


A parte sem os hobbits não poderia ser mais chata, hahaha. Só compensa mesmo os diálogos entre o Gimli (John Rhys-Davies) e o Légolas (Orlando Bloom), porque tudo antes do Abismo de Helm é muito cansativo. Eu dava graças a deus quando virava a página e começava um capítulo dos hobbits Merry (Dominic Monagham) e Pippin (Billy Boyd) se aventurando por ai na Floresta do Barbárvore. Aliás, que plot sensacional né senhoras e senhores? Os Ents e suas conversas nada apressadas, a Floresta Antiga, e a queda de Isengard foram as melhores coisas do livro e do filme.


Voltando ao Abismo de Helm, eu achei bem confuso no livro, não sei se tinham nomes de mais e mapas de menos, ou eu quem li correndo, mas peguei como base do que eu tinha assistido no filme uns anos atrás pra continuar a história. Fora que né, sempre tem aquelas passagens que não acontecem em um e em outro. Mas mesmo assim foi maravilhoso de assistir, assim como todas as cenas de batalhas.


Gandalf retorna para a alegria de todos (dessa vez de banho tomado) e não poderia estar mais poderoso e misterioso do que antes. Ele e seu veloz cavalo Shadowfax estão o tempo todo indo pra lá e pra cá e inclusive servem de laço para ligar as narrativas.

Essa cena me arrepiou todinha!!!!


Outra diferença é que no filme a personagem Eówyn (Miranda Otto) de Rohan ganha muito mais destaque que no livro, e em quase todas as cenas do Aragorn ela ta la ganhando presença, se mostrando preocupada com o seu Rei e seu povo.


Agora na parte do Frodo e Sam, foi tudo bem igualzinho, até essa parte do discurso que o Sam faz (que eu coloquei no íncio do post) e eu adoro tem no filme. Já acompanhamos certa dependência do Frodo com o Anel e pra somar, temos Sméagol/Gollum disputando com Sam a atenção do Mestre (o que é até meio engraçado).


Vamos comentar aqui sobre Frodo e Sam? Vamos. Até onde vai a ‘amizade’ né?! Desde o começo a gente já tem essa devoção estranha do Sam pelo seu Mestre, mas é tudo levado como ‘um fiel amigo e companheiro’, e reforçado pelo fato que o Sam tem um crush na Rosa, aquela hobbit bonitinha e alegre que aparece no começo do primeiro filme.


Mas aqui, há milhas de distância dessa paixão, as coisas ficam um pouco mais... gays. Todo o amor que ele tem pelo seu Mestre só fica maior agora que Sméagol chegou para competir com ele (sim, Sam morre de ciúmes da criatura). E claro que ele ajuda a manter a sanidade de Frodo, uma vez que o Anel fica testado o hobbit inúmeras vezes e fica cada vez mais difícil resistir enquanto estão nos arredores de Mordor. E pra quem acha que é só broderagem e eles são 100% héteros eu deixo aqui esse trecho bem bonitinho do casal:


“E assim Gollum os encontrou mais tarde, quando retornou, arrastando-se pela trilha, saindo da escuridão adiante. Sam estava sentado, recostado na pedra, a cabeça caindo de lado e com a respiração pesada. Em seu colo a cabeça de Frodo, imersa num sono profundo; sobre sua fronte branca descansava uma das mãos morenas de Sam, e a outra pousava suavemente sobre o peito de seu mestre. Havia paz no rosto dos dois.”

Amizade, ahan sei!


A única coisa que faltou foi a poderozíssima e aterrorizante Laracna, que muito me lembrou Harry Potter e a Câmara Secreta; e não entendi porque vão deixá-la só para o terceiro e último filme, mas desde que ela apareça está tudo bem.


Ah! E Faramir (interpretado pelo David Wenham). Que personagem maravilhoso, virou um dos meus favoritos. Na versão extendida tem todo um preparo com a construção do personagem, mostrando o passado dele junto com Boromir, achei um amor. No livro ele é um homem muito honrado e preocupado com o seu povo, mas, diferente de seu irmão, consegue recusar o Anel e percebe que aquilo só trairia ruínas para si.


“- O que é na verdade essa Coisa não posso adivinhar, mas deve ser algum legado de poder e perigo. Talvez uma arma mortal, feita pelo Senhor do Escuro. Se fosse uma coisa que trouxesse vantagem na batalha, posso muito bem crer que Boromir, o altivo e destemido, frequentemente impetuoso, sempre ansioso pela vitória das Minas Tirith (que traria também sua grande glória), possa ter desejado essa coisa e ter sido atraído por ela. (...) Mas não tema mais nada! Eu não tomaria essa coisa, nem que a encontrasse na estrada. Nem que Minas Tirith estivesse sendo destruída e apenas eu pudesse salvá-la desse modo, usando a arma do Senhor do Escuro para o bem dela e para a minha glória. Não. Não anseio por tais triunfos, Frodo, filho de Drogo.”


Ele tem um jeitão bem Aragorn quando se trata de responsabilidade, honra e cortesia, quase como se fosse natural dele. E ai eles me cagam no filme, colocando aquela cena nada a ver no final e destroem a imagem dele, colocando como mais um que deseja o anel e acaba se ferrando por isso; ao contrário do livro que ele ajuda os dois hobbits na jornada, fornecendo abrigo e provisões para a viagem.


Como falei antes, esse livro foi mais rápido pra mim do que A Sociedade do Anel, talvez pela alternância de pontos de vista, que deixou o livro mais dinâmico. E fica muito gosto de quero mais quando acaba, mas estou me recusando a ler por não estar pronta para dizer adeus a essa saga maravilhosa.


Pra finalizar e não perder o costume, um gif do meu precioso Légolas sendo lindo apenas:



E o trailer do filme:



Nota do livro: ✮✮✮✮

Nota do filme: ✮✮✮✮

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